Micro e pequenas respondem por mais da metade dos empregos em SC

10 de outubro de 2017

Setor responde por 98% das indústrias de SC e ganha mercado pela flexibilidade, agilidade e diferenciação.

As micro e pequenas indústrias constituem um dos grandes motores de nossa economia. Pensar nelas primeiro é concomitantemente refletir sobre as potencialidades econômicas de nosso Estado e superar as incertezas impostas pela conjuntura atual”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, no Seminário Pense nas Pequenas Primeiro. “Essas empresas são responsáveis por 27% do PIB do Brasil e 98% das indústrias de Santa Catarina e mais da metade dos empregos estaduais, além de terem ampliado em 30% o número de empresas exportadoras entre 2014 e 2016”, completou. O encontro, promovido pela Câmara da Micro e Pequena Indústria da entidade em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi realizado nesta terça-feira (10), em Florianópolis, com o apoio do Sebrae, Fampesc, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável e Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa.

Na abertura do evento, Côrte fez um balanço dos principais números da economia do Estado e destacou que a confiança do industrial vem reagindo positivamente, assim como a produção, as vendas e o emprego. “Em nosso Estado, mais de 50 mil pessoas concretizam suas ideias de negócios sob a forma de micro e pequenas indústrias, aproveitando as oportunidades que o segmento proporciona, o que implicou crescimento significativo no número de estabelecimentos que se enquadram nesse perfil. Esse porte de empresa representa a condição necessária para o desenvolvimento do País”, observou.

A FIESC, por meio da Câmara, promove a discussão de pautas e a defesa do segmento, atuando como canal de comunicação que ouve e dá voz aos micro e pequenos empresários. O presidente da instituição destacou que no Estado algumas medidas já estão sendo aplicadas em benefício desse setor, como é o caso do SC Bem Mais Simples, que desburocratiza a abertura de empresas, e do Programa Juro Zero, que concede linha de crédito específica para microempreendedores individuais.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Chiodini, informou que por meio do Juro Zero, instituído em 2011, foram concedidos mais de R$ 186 milhões que beneficiaram 65 mil microempreendedores do Estado. A iniciativa empresta até R$ 3 mil sem juros.

O presidente da Câmara, Célio Bayer, disse que o seminário reuniu temas comuns ao segmento, principalmente o acesso ao crédito e às garantias exigidas. Paralelo ao evento, representantes de diversas agências de fomento e instituições financeiras apresentaram as linhas disponíveis. Bayer também apresentou aos participantes as proposições das micro e pequenas indústrias de Santa Catarina que abrangem quatro grandes temas: financiamento e crédito, aspectos tributários, modernização trabalhista e aspectos gerais da Lei Geral das MPEs. As propostas foram entregues ao deputado federal Jorginho Mello, presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Micro e Pequenas Empresas. Clique aqui e veja o documento.

O deputado disse que está sendo criado o Simples Trabalhista. “98% de todas as empresas do Brasil são de micro e pequeno portes e representam 60% dos empregos formais. A lei da micro e pequena empresa completou dez anos recentemente, e, nesse tempo, dados do Caged mostram que o segmento empregou 12 milhões de pessoas”, ressaltou, lembrando que esta é uma ‘lei viva’. Segundo ele, uma vez por ano são feitas modificações. Agora está em debate alterações no regime de substituição tributária (que antecipa o recolhimento de impostos) e as dificuldades de acesso ao crédito.

Durante painel que abordou o tema crédito, o gerente-executivo de política industrial da CNI, João Emílio Padovani Gonçalves, apresentou a Rede de Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC), estrutura de atendimento ao setor empresarial encontrada nas Federações Estaduais de Indústrias, que oferecem serviços padronizados de orientação, capacitação e consultoria na área. Segundo ele, o NAC apoia a empresa no relacionamento com o banco, como na elaboração de proposta e auxílio no cumprimento às formalidades, que, em muitos casos, são decisivas para conseguir o financiamento, seja para capital de giro ou para investimento no crescimento da companhia.

O diretor técnico do Sebrae-SC, Anacleto Ortigara, abordou o papel da instituição no fomento aos pequenos negócios e disse que, recentemente, tem se observado uma melhoria na longevidade das empresas. “Isso pode ser explicado pela gestão, mas também pela condição de nascimento das empresas. Os empreendedores estão investindo mais tempo na preparação anterior à decisão efetiva de registrar a empresa. Esse tempo destinado à gênese é o tempo que se ganha na execução posterior. O número de empresas que fecham prematuramente diminuiu, porque nascem melhor”, avaliou. Ele salientou ainda que o cenário dos microempreendedores individuais é um pouco diferente, pois, na maioria dos casos, partem de uma situação de informalidade para a formalização. Portanto, fazem uma travessia mais curta.

O diretor do departamento de apoio à micro e pequena empresa da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, Nizar Ratib Midrei, lembrou que as pessoas têm empreendido muito por necessidade. “Quando você empreende, agrega valor sob três aspectos: social, regional e conhecimento. No social, criando oportunidades, distribui renda e dá dignidade às pessoas. No aspecto regional, se faz desenvolvimento setorizado de cidades, valorizando a cultura e a vocações das regiões. No quesito conhecimento, se faz retenção de inteligência no município, são criadas novas tecnologias, enfim, uma série de aspectos”, explicou.

Em outro painel, que discutiu liderança e competitividade, com mediação do CEO do Peixe Urbano, Alex Tabor, a empresária Gabriela Marcelino, sócia da Show Rio Calçados, de São João Batista, que emprega 25 trabalhadores, relatou sua experiência ao participar de programas como o Sebraetec e o Brasil Mais Produtivo, com o apoio do SENAI. Ela lembrou que indústrias de pequeno porte, muitas vezes, não têm os recursos para participar de feiras internacionais e viajar para eventos de referência, mas saem na frente em agilidade. “A moda é volátil. Trabalhamos com muita pesquisa pela internet, somos ágeis e flexíveis. Então, é mais fácil construir e recriar um produto para ser competitivo”, declarou. Segundo ela, ainda que o setor enfrente concorrência com chineses, os produtos com design diferenciado encontram mercado. Na opinião dela, a China é muito competitiva em matéria-prima, mas não em produto final no caso de calçados.

Outro case apresentado foi o da Timber Móveis, de Jaraguá do Sul, fabricante de móveis infantis. Fábio Maicá, representante da empresa, disse que esse é um setor dominado por grandes companhias e precisa atender a uma certificação rigorosa. Com apenas cinco anos de existência, a Timber, com 11 funcionários, encontrou seu nicho na fabricação de berços diferenciados, com a ajuda do Sebrae. “Estamos antenados aos grandes fabricantes e a ideia é fazer diferente, de forma mais simplificada, que é o que a pequena empresa consegue fazer e, assim, conquistar nossa fatia de mercado”, concluiu.

 

Fonte: FIESC